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QUALIDADE DAS ÁGUAS

sexta, 09 de novembro de 2018 às 11h50
A classificação da qualidade das águas pode variar, conforme os usos aos quais elas se destinam.

A presença de certas substâncias nas águas não significa que estas estejam poluídas, sendo algumas delas necessárias para a manutenção da vida de determinados organismos. Os peixes, por exemplo, consomem, além de certa quantidade de oxigênio dissolvido, algumas substâncias minerais.

Na realidade, a água considerada absolutamente ‘pura’, composta apenas de moléculas de hidrogênio e oxigênio, somente pode ser obtida em laboratório.

Já quando há, nas águas, substâncias estranhas a sua composição, prejudicando seu uso, elas apresentam certo grau de poluição.

Ações inadequadas da humanidade no meio ambiente têm prejudicado o seu equilíbrio dinâmico. Um exemplo disto é a degradação das águas de rios, causada pelo lançamento de esgotos sanitários sem o devido tratamento, assim como pelo despejo de resíduos sólidos e efluentes industriais em galerias de águas pluviais, córregos e valetas a céu aberto, o que tem promovido um aumento de matéria orgânica nas águas, cuja decomposição se faz com o consumo de uma elevada quantidade de oxigênio dissolvido, prejudicando, assim, a sobrevivência de organismos que dele necessitam.

Além disso, nos esgotos despejados podem encontrar-se bactérias patogênicas (transmissoras de doenças), produtos químicos nocivos (por exemplo: agrotóxicos, produtos não biodegradáveis, metais pesados, dentre outros).

E, ainda, esgotos e efluentes domésticos e industriais podem alterar a temperatura das águas, afetando o consumo de oxigênio por organismos aquáticos, e o potencial hidrogeniônico (pH) das águas.

Há, também, outros problemas decorrentes de ações impróprias da humanidade no meio ambiente, tais como: ocupação inadequada do solo, por exemplo, sem a devida distância das margens de rios que sofrem inundações em períodos de cheias; impermeabilização excessiva do solo, prejudicando sua drenagem e contribuindo para a ocorrência de inundações e alagamentos; desmatamento de margens de rios, destruição de mata ciliar, provocando assoreamento; dentre outros.

“Os rios urbanos, que já vinham passando por grandes transformações – em especial a partir da intensa urbanização ocorrida após a década de 1950 -, têm sua condição de deterioração agravada pela precariedade do saneamento básico, pela crescente poluição ambiental, pelas alterações (pontuais ou no âmbito da bacia hidrográfica) da condição hidrológica e morfológica, bem como pela ocupação irregular de suas margens”. (GORSKI, 2010, p. 23) [2].

Salienta-se, pois, a importância de transformações de condutas em relação aos rios e uma maior atenção e cuidado com eles, sendo o monitoramento da qualidade das águas uma das ações necessárias para a identificação, análise e prevenção de problemas, recuperação e melhoria de sua condição ambiental.

Como avaliar a qualidade das águas
“Um dos instrumentos mais importantes para a realização de uma adequada gestão ambiental é o monitoramento. Através dele é possível avaliar as tendências de recuperação ou comprometimento da disponibilidade e qualidade das águas, da qualidade do ar, da recuperação e supressão das florestas, além do cumprimento da legislação e dos limites licenciados para atividades potencialmente poluidoras.” (IAP, 2009, p. 6). [3]

O monitoramento consiste na “medição ou verificação de parâmetros de qualidade e quantidade de água, que pode ser contínua ou periódica, utilizada para acompanhamento da condição e controle da qualidade do corpo de água”. (CONAMA, 2005, p. 3). [4]

De acordo com o método de Avaliação Integrada da Qualidade da Água (AIQA), inter-relacionam-se “três dimensões de qualidade: a físico-química, a bacteriológica e a ecotoxicológica” (IAP, 2009, p. 21) pelo método Multiobjetivo de Programação de Compromisso, “que se baseia em uma condição ideal da qualidade da água (Classe 1 do CONAMA – 357/2005)”. (IAP, 2009, p. 21). [5]

A qualidade da água pode ser avaliada com base em um conjunto de variáveis como, por exemplo (CONAMA, 2005) [6]:

• clorofila;
• coliformes termotolerantes;
• cor verdadeira;
• corantes provenientes de fontes antrópicas (provenientes de ocupação, exploração de recursos naturais e atividades humanas);
• Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO);
• densidade de cianobactérias;
• efeito tóxico a organismos;
• fenóis;
• gosto;
• materiais flutuantes, incluindo-se espumas não naturais;
• odor;
• óleos e graxas;
• Oxigênio Dissolvido (OD);
• potencial hidrogeniônico (pH);
• resíduos sólidos objetáveis;
• substâncias sedimentáveis;
• turbidez;
• etc.

Conforme a Agência Nacional de Águas (ANA) do Brasil, o Índice de Qualidade das Águas (IQA) “foi criado em 1970, nos Estados Unidos, pela National Sanitation Foundation. A partir de 1975 começou a ser utilizado pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Nas décadas seguintes, outros Estados brasileiros adotaram o IQA, que hoje é o principal índice de qualidade da água utilizado no país.” (ANA, 2012) [7].

“O IQA foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água bruta visando seu uso para o abastecimento público, após tratamento. Os parâmetros utilizados no cálculo do IQA são em sua maioria indicadores de contaminação causada pelo lançamento de esgotos domésticos.” (ANA, 2012) [7].

“A avaliação da qualidade da água obtida pelo IQA apresenta limitações, já que este índice não analisa vários parâmetros importantes para o abastecimento público, tais como substâncias tóxicas (ex: metais pesados, pesticidas, compostos orgânicos), protozoários patogênicos e substâncias que interferem nas propriedades organolépticas da água.” (ANA, 2012) [7].

O IQA compõe-se de 9 parâmetros, que possuem pesos diferenciados, “em função da sua importância para a conformação global da qualidade da água” (ANA, 2012) [7].

1. Oxigênio dissolvido (peso = 0,17)
2. Coliformes termotolerantes (peso = 0,15)
3. Potencial hidrogênionico (pH) (peso = 0,12)
4. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) (peso = 0,10)
5. Temperatura da água (peso = 0,10)
6. Nitrogênio total (peso = 0,10)
7. Fósforo total (peso = 0,10)
8. Turbidez (peso = 0,08)
9. Resíduo total (peso = 0,08)

Cabe ressaltar, também, a importância da avaliação da qualidade microbiológica da água, com relação à presença de parasitas e vírus, além de bactérias, que prejudicam a saúde humana.

O IQA tem sido particularmente afetado pela contaminação por lançamento de esgotos. Segundo a ANA (2011) [8], dentre os parâmetros que compõem o Índice de Qualidade da Água (IQA), os “Coliformes termotolerantes, que correspondem a um percentual de desconformidade de 51%, “reflexo dos baixos níveis de tratamento de esgotos no país”; e o Fósforo total corresponde a um percentual de desconformidade de 42%, com “origem principalmente nos esgotos domésticos e nas cargas difusas”.

Salienta-se, assim, a necessidade de uma maior adequação na destinação e tratamento de efluentes no Brasil.

A população também pode participar no monitoramento da qualidade das águas, ajudando a identificar, por exemplo:

Cor
A cor das águas varia conforme a constituição do solo, das rochas, da vegetação que nela cai e se decompõe, dentre outros elementos que fazem parte do seu contexto ambiental e que afetam as interações entre a luz e a água (‘óptica hidrológica’).

Na caracterização óptica das águas, destaca-se particularmente a importância da matéria orgânica dissolvida.

Há águas popularmente denominadas cristalinas, claras, transparentes, escuras, negras, barrentas, brancas, azuis, verdes, amareladas, acinzentadas, marrons, limpas, sujas, etc.

Tanto as substâncias dissolvidas quanto as em suspensão afetam conjuntamente a coloração das águas, sendo que as partículas em suspensão referem-se à turbidez da água.

Pode haver alterações na coloração natural das águas, por causa também de atividades humanas como, por exemplo:
“a) desmatamentos, que contribuem para a erosão de solos e, em consequência, para o aumento da carga de partículas em suspensão e depositadas nos corpos d’água
b) disposição inadequada de lixos e ‘lixões’;
c) uso e manejo inadequados de substâncias orgânicas e inorgânicas, oriundas de dejetos animais, pesticidas e fertilizantes; e
d) lançamentos de esgotos urbanos e efluentes industriais não tratados e/ou clandestinos.” (PEDROSA, 2008, p. 33). [9]

O despejo de certas substâncias por indústrias, residências e outras atividades, podem, pois, prejudicar a qualidade sanitária das águas. Modificações na cor das águas podem indicar a presença de despejo de produtos químicos, provenientes, por exemplo, de tintas de tingimento de tecidos, couros e componentes industriais.

Assim, a percepção da coloração das águas influencia a sua estética e contribui na avaliação de sua qualidade e nos cuidados para a conservação de recursos hídricos e ecossistemas aquáticos.

É importante observar se há variação de cor ao longo do rio, e, caso haja, identificar e registrar a fonte de lançamento de efluentes que estejam alterando a cor natural do rio (por exemplo: indústria).

Cabe ressaltar a necessidade de uma avaliação adequada da qualidade das águas, de modo a não se cometerem equívocos ao avaliá-las somente pela sua aparência. Águas coloridas não significam que estejam poluídas, assim como águas com aparência transparente não quer dizer que estejam livres de contaminação, de poluição.

Efluentes e resíduos sólidos
É importante verificar se há tubulações e valetas despejando líquidos, e, se sim, qual o tipo (por exemplo: águas de chuvas, esgotos, despejos industriais, etc.).
Também é preciso observar se há lixo e/ou entulhos depositados nas margens e/ou proximidades dos cursos d’água.

Fauna aquática e terrestre
É importante observar se há peixes no rio e também se há animais silvestres, domésticos, ratos, pássaros, etc., nas proximidades do rio.

Materiais flutuantes
A observação de materiais flutuantes na água, como blocos de espuma, por exemplo, pode indicar a presença de detergente proveniente do despejo de efluentes ou esgotos domésticos e industriais.

É importante observar se há materiais flutuando, ou sendo arrastados pela correnteza, e a sua quantidade. Por exemplo:

a) espumas na água: ausentes, quantidade baixa (espumas finas, somente em pontos localizados), quantidade alta (espumas finas espalhadas), quantidade muito alta (placas espessas de espumas);

b) outros materiais flutuantes: ausentes, quantidade baixa (somente alguns), quantidade alta (muitos), quantidade muito alta (superfície do rio coberta).

Odor
A água, com características naturais, não apresenta cheiro. Por isso, a presença de cheiro pode ser um parâmetro de avaliação da qualidade da água, pois pode indicar a presença de substâncias ‘estranhas’ à composição da água.

O cheiro de “ovos podres”, característico do gás Sulfídrico, por exemplo, indica que está havendo decomposição de matéria orgânica nas águas. Este cheiro pode estar misturado ao de ‘cebola estragada’, característico de compostos de enxofre presentes em esgotos e lodos orgânicos depositados no fundo de rios poluídos. E, ainda, pode haver cheiro de inseticida (por exemplo: BHC).

O odor de “ovo podre” do gás Sulfídrico pode, inclusive, causar dor de cabeça e náuseas em pessoas que moram, trabalham ou circulam nas proximidades das margens de rios muito poluídos, como é o caso do rio Pinheiros, em São Paulo. (FOLHA DE S. PAULO, 2012, p. C3). [10].

Temperatura
A temperatura da água afeta praticamente todos os processos – físicos, químicos, biológicos – que ocorrem na água, tais como, por exemplo:

1. “A quantidade de oxigênio que pode ser dissolvido na água”;
2. “A taxa de fotossíntese por algas e plantas aquáticas maiores”;
3. “Taxas metabólicas de organismos aquáticos”;
4. “Sensibilidade de organismos a dejetos tóxicos, parasitas e doenças”. (MITCHELL; STAPP, 2000, p. 40, tradução nossa). [11]

Todos os organismos aquáticos são adaptados a uma determinada faixa de temperatura, conseguindo suportar oscilações até certos limites, especialmente no caso de aumentos de temperatura, acima dos quais eles sofrem morte térmica (organismos superiores) ou inativação (processo de pasteurização de microorganismos).

A temperatura dos cursos d’água, incluindo a dos rios, varia ao longo do ano, influenciada pelo clima de cada época. Além disso, ela sofre influência de uma série de outros fatores, inclusive humanos.

“Um dos modos mais sérios com que os humanos mudam a temperatura dos rios é por meio da poluição térmica . [...] Indústrias, tais como as plantas de energia nuclear, podem causar poluição térmica, mediante o despejo de água utilizada para resfriar o maquinário. Poluição térmica pode também originar-se de água de chuva que corre de superfícies urbanas aquecidas, tais como ruas, calçadas e áreas de estacionamento.” (MITCHELL; STAPP, 2000, p. 40, tradução nossa). [11]

“As pessoas também afetam a temperatura da água cortando árvores que ajudam a sombrear os rios, expondo a água diretamente à luz solar.” (MITCHELL; STAPP, 2000, p. 40, tradução nossa). [11]

O pH, a condutividade elétrica, a quantidade de oxigênio consumido na degradação biológica da matéria orgânica (DBO) e de oxigênio dissolvido são influenciados pela temperatura.

Turbidez
É o grau de claridade relativa da água, que varia, dependendo da quantidade de matéria em suspensão ou coloidal (mistura heterogênea). Quanto maior a turbidez, mais escura é a água, e vice e versa.

A turbidez pode ser causada por: erosão do solo, despejo de efluentes, abundância de animais aquáticos que agitem sedimentos do fundo do rio (por exemplo: carpas), crescimento de algas, dentre outros fatores.

A temperatura das águas tende a elevar-se com o aumento da turbidez, porque as partículas suspensas absorvem calor do sol, ocasionando, por outro lado, a queda de níveis de oxigênio dissolvido. Isto porque o aumento do calor reduz a retenção de oxigênio dissolvido na água. Também há redução de fotossíntese, na medida em que menos luz penetra na água, o que também causa redução de níveis de oxigênio dissolvido.

O conjunto de consequências da turbidez incluem a elevação da temperatura da água, a redução da luz e do oxigênio dissolvido, sendo que níveis elevados de turbidez podem prejudicar a qualidade das águas a ponto de impossibilitar a sustentabilidade da vida de certos organismos aquáticos, além de prejudicar a qualidade das águas para consumo humano, em termos de sabor (desagradável), aparência (redução da transparência), dentre outros fatores.

Além das consequências mencionadas, a presença de matérias sólidas suspensas pode obstruir a guelra de peixes, interromper o desenvolvimento de larvas e ovos, reduzir a resistência a doenças, dentre outras.

Uso e ocupação do solo
Em Áreas de Preservação Permanente, é importante observar se há comércio, indústrias, residências, plantações, criação de animais, destruição da mata ciliar, que são fatores de degradação ambiental que afetam a qualidade das águas.

Fonte: http://www.cuidedosrios.eco.br/qualidade-das-aguas/

 

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